sábado, 27 de setembro de 2008

O VOTO É UMA PROCURAÇÃO


          A democracia é traduzida na organização da sociedade como um todo, na valorização da liberdade dos cidadãos e na participação de todos nas decisões econômicas, políticas, sociais e culturais. Ela é traduzida em elementos concretos que defendem e valorizam a pessoa humana. No fundo, no fundo, a democracia é uma forma de organização em vista da defesa da dignidade humana. Como tal, ela deve ter como referência maior o ser humano, que é um valor em si e por si mesmo. Assim, qualquer afronta à dignidade da vida e da pessoa humana é uma atitude antidemocrática e, conseqüentemente, imoral.

          Dentre as formas de sinalizar a democracia, deparamos com o voto. Ele é um ponto de partida. Por ele o cidadão dá uma procuração a alguém que, legitimamente escolhido, deverá articular a defesa da vida, da pessoa humana e lutar pelo bem comum. Quando votamos, endossamos um documento que ratifica nossa participação co-responsável nos destinos da Nação, do Estado e do Município. Ao darmos nosso voto a determinado candidato, estamos delegando-lhe poderes. Por isso, nosso voto tem conseqüências. Como instrumento de construção da democracia e sinal de co-participação no processo democrático, o voto nem pode ser comprado nem vendido. É um abuso querer utilizar-se desse instrumental para garantir interesses privados ou particulares. A compra ou a venda do voto é um atentado contra o bem comum. Não é sem mais nem menos que existe a Lei 9840/99, que fortalece o combate à corrupção eleitoral, que proíbe a compra de votos e o uso da máquina administrativa para obtenção de favores pessoais ou de partidos.

          Durante o período eleitoral, infelizmente, sabemos de muitas formas de manipulação de eleitores. Há gente que compra votos a troco de ninharias. Alguns candidatos soltam quantias substanciosas de dinheiro sobre as populações mais carentes. Há grupos organizados, “formadores de opinião”, que manipulam diabolicamente certas pesquisas eleitorais. Que triste termos que engoli-las, a seco, mesmo registradas em órgãos competentes, como se fossem verdades absolutas. Porém, totalmente maquiadas e diabolicamente manipuladas e manipuladoras. Algumas delas apresentam-se carregadas de deformações. Não passam de formas obstinadas de mentiras. Têm por objetivo “fazer a cabeça” de pessoas sem muita capacidade de avaliar ideologias, propostas, programas partidários e os próprios candidatos. Visam influenciar erroneamente o povo em votar em candidatos que defendem interesses contrários ao bem comum. Por isso, devem ser questionadas e rechaçadas. Fazem parte do universo das falcatruas canonizadas por grupos que querem usurpar o poder a todo custo, em vista de proveitos próprios. 

          Democracia não é o mesmo que eleições diretas. É mais que isso. O processo começa com o voto e continua na busca efetiva de soluções para os tantos problemas que o povo enfrenta. Numa verdadeira democracia, o povo elege seus representantes, fiscaliza suas ações e participa na reflexão, na elaboração e na execução de seus projetos. Nas eleições, cada voto e a soma de todos eles delinearão os traços e os caminhos que queremos dar à nossa cidade. 

 


Pe. Júlio Antônio da Silva

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